sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Dia do Trabalho na atualidade (1)

O que significa hoje o Dia do Trabalho?
Veja algumas opiniões de leitores do jornal O Globo que escreveram sobre o tema:

O Dia Internacional do Trabalho e o desemprego excludente
Artigo do leitor Carlos Reis

Em 2009, o Dia Internacional do Trabalho está completando 120 anos. Como se sabe, foi criado em 1889, durante Congresso Socialista realizado em Paris, na França, em alusão à greve geral ocorrida em 1º de maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos. Comemorada mundialmente, a data não tem partido, ideologia ou credo. Celebra, simplesmente, o reconhecimento universal à importância dos trabalhadores e o respeito a seus direitos individuais e coletivos.
Este ano, contudo, o Dia do Trabalho é comemorado em uma das mais graves crises da economia internacional ocorridas desde a sua criação, há mais de um século. Seus reflexos para a classe trabalhadora são agudos, muito negativos, conforme evidenciam as mais recentes estatísticas. No Brasil, a taxa de desemprego registrou em março sua terceira alta consecutiva. O indicador subiu de 8,5%, em fevereiro, para 9,% no mês passado. Infelizmente, é a maior taxa desde setembro de 2007. Somente na indústria, o número de empregos formais recuou 5,2% desde outubro, segundo o IBGE.
Como se não bastasse, duas em cada cinco indústrias paulistas pretendem demitir trabalhadores nos próximos meses. Em média, os cortes deverão atingir 14,3% do quadro de pessoal. A informação consta de pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A entidade ouviu 586 empresas entre os dias 17 de fevereiro e 17 de março.
É a preocupante confirmação, na realidade escancarada pelo IBGE e a pesquisa da Fiesp, de estimativa feita pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), de que haverá aumento de 50 milhões de desempregados no mundo em 2009. A grave perspectiva consta de documento apresentado recentemente, em Roma, na reunião dos ministros de Trabalho do G8, os sete países mais desenvolvidos e a Rússia.
Ou seja, a força de trabalho está exposta a graves riscos de exclusão social. A crise, aliás, também está reduzindo a participação do trabalho na composição do PIB mundial. Isto significa, na prática, que a grande maioria dos trabalhadores, que não têm poder de ingerência sobre decisões irresponsáveis que levam empresas e países ao caos financeiro, acabam pagando o mais duro preço pela governança equivocada das companhias e dos erros ou má fé na gestão financeira. É lamentável que as parcelas mais frágeis da comunidade global arquem com esses ônus produzidos pela ganância descontrolada, especulação e falta de limites impostos pelo poder público a gestores irresponsáveis de empresas e instituições financeiras.
No recente período de bonança e prosperidade, interrompido em 2008, a força de trabalho foi levada aos limites da superação para atender às demandas e alimentar os lucros. Nada ganhou a mais por isso, pois estudos mostraram que o crescimento econômico não estava promovendo o aumento dos postos de trabalho em proporções equivalentes. Agora, eclodida a crise, os primeiros apenados são os trabalhadores. Está faltando serenidade e bom senso! É preciso mais esforço de gestão e menos decisões simplistas, como a implosão de postos de trabalho para reduzir custos. Se essa atitude socialmente irresponsável de numerosas empresas não for contida, a exclusão social crescerá exponencialmente e o Dia do Trabalho de 2009, mais do que celebrar, terá, também, de ser entendido como um réquiem moral às vítimas do desemprego.

Publicada em
http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2009/04/30/o-dia-internacional-do-trabalho-o-desemprego-excludente-755516671.asp

4 comentários:

  1. é engraçado ver que comemora-se UM dia, como dia do trabalho, como se as pessoas não passassem a maior parte do seus VÁRIOS dias trabalhando. Mais engraçado ainda, é perceber que apesar da crise,e da possibilidade do número de desempregados aumentarem cada dia mais,essa data ainda é comemorada, negligenciando toda a situação na qual estamos vivendo. Séra que a sociedade realmente não enxerga a falta de sinceridade da mesma? Ou sera que ela simplismente prefere fingir que tais problemas e situações não existem?!

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  2. O jovem e o trabalho.

    A Revista Mundo Jovem do mês de Maio, na página 11 "juventudes" tras uma reflexão acerca da importância do trabalho na vida do jovem. Apresenta o trabalho como um importante espaço de humanização e de modificação e aperfeiçoamento das relações. Espaço de socialização e aprendizado, etc. Já que a juventude é um período da vida na qual o sujeito tem muita vitalidade, sonhos, desejos, potencialidades. Desta forma sua contribuição também seria grande.
    No entanto a realidade atual do trabalho é muitas vezes associada a um tempo de sofrimento, pressão, pelas exigências impostas pelo poder econômico, social e político. Desta forma neste despertar juvenil para a uma participação ativa e produtiva na sociedade pode tornar-se pesadelo e frustração. O capitalismo exerce sobre este sujeito uma forte pressão no sentido de ser ele o responsável pelo crescimento econômico construindo sua vida econômica profissional. A sociedade lhe ensina que tanto mais criativo e competitivo ele for mais possibilidades de um futuro financeiro próspero.Este sujeito coloca aí todas as suas energias, se entrega de corpo e alma nesta tarefa pouco a pouco ele vai sutilmente sendo sugado pelo sistema.
    Bem mais tarde se pergunta: Quando isso vai acabar?

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  3. "é preocupante a questão do desemprego que vem agravando desde dezembro de 2008, quando deu-se inicio a crise economico mundial, um efeito dominó. Os poucos que conseguiram recolocação no mercado de trabalho, ainda que fazendo parte do baixo salário e carga horário pesada. como pensar num crescimento do país, quando sua camada populacional operaria ganha mal, alimenta-se mal, mora mal. Um país que lembra dos seus trabalhadores somente no mês de maio de cada ano, quando o governo anuncia um aumento mediocre do salario minimo. Isto sem dizer os aumentos dos produtos alimenticios que precedem desta diferença salarial. E tudo acaba ficando na mesma. Nós brasileiros temos um caminho longo a percorrer ainda...somos analfabetos em políticas públicas. Precisamos questionar, movimentar e ter mais participação política a começar em nossa comunidade academica, do bairro, cidade, estado e do país." fabricia frade

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  4. Esta reportagem me leva a refletir a respeito do mercado de trabalho atualmente, levando-se em consideração que essa "exclusão social" diz muito do que, nós estudantes, vamos enfrentar. De acordo com as projeções estatísticas de desemprego – daqui a três anos quando formos profissionais qualificados recém chegados a este mercado – estaremos em um contexto (político, sócio-econômico) muito mais crítico, passaremos, então, por grandes pressões e encontraremos muitas barreiras para conquistar nossa inserção neste mercado.

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